Cava de Carapicuíba é exemplo de reinserção e recuperação ambiental
19/06/2013 - Cava de Carapicuíba é exemplo de reinserção e recuperação ambiental
Projeto muda as perspectivas das cidades da região
O que é a Cava - Conhecida erroneamente como lagoa de Carapicuíba, a área é, na verdade, uma cava de mineração de areia, que foi inundada pelas águas poluídas do rio Tietê na década de 1970 e desativada há mais de dez anos.
A região transformou-se numa área de descarte de materiais diversos, incluindo esgoto das comunidades vizinhas, restos provenientes do lixão anexo e bota-fora de produtos e resíduos diversos. Dessa forma, a Cava de Carapicuíba se tornou uma área poluída, altamente contaminada, colocando em risco a população de municípios vizinhos.
A Cava Hoje - Desde julho de 2011, o projeto de reinserção urbana e recuperação ambiental da Cava e de seu entorno vem modificando a realidade local, que compreende os 800 mil metros quadrados da região alagada e os mais de 690 mil metros quadrados da área vizinha. Atualmente, o projeto está na fase de aterramento com materiais controlados por equipes de supervisão ambiental do projeto e atende aos critérios estabelecidos pela CETESB.
Diariamente, 300 viagens de caminhões-caçamba transportam entre 5 e 6 mil metros cúbicos de materiais em sua maioria terrosos que não apresentem resíduos orgânicos, materiais contaminados ou radiativos. Depois de devidamente inspecionados, esses materiais são depositados ao longo da faixa da borda rumo ao centro da Cava e, ao mesmo tempo, são depositados no fundo da Cava, por meio de dragas, que enviam os materiais ao leito da área, com o intuito de elevar o aterramento até a sua superfície.
Monitoramento dos materiais - Os materiais usados para o aterramento da Cava são retirados de leitos de rios de bacias vizinhas e de materiais descartados de obras do Governo do Estado, como Metrô, construção de piscinões, entre outros. Atendendo ao TAC (Termo de Ajuste de Conduta) os materiais utilizados no aterramento passam por uma minuciosa inspeção, com direito a monitoramento minucioso e, só depois de aprovados, são levados ao destino.
De acordo com o engenheiro Francisco de Oliveira, da Fral Consultoria, empresa contratada por licitação para realizar a inspeção ambiental e que também atua como operadora do aterramento, o monitoramento de todo material que vai ser depositado na Cava é minuciosamente testado. “A classificação da origem do material é feita em laboratórios que atestam a procedência e a qualidade do que será depositado na área. Precisamos ter certeza de que o material é seguro e não oferece riscos”, informa.
Como acontece - O monitoramento é feito online. Como explica Oliveira, “foram instaladas cercas eletrônicas nas áreas de onde os materiais são retirados e, por GPS, foi feito um estudo topográfico-digital dessas áreas. Todo caminhão tem um sensor de mercúrio que monitora a viagem que o caminhão faz até chegar à Cava. A cada dois minutos, esse GPS emite um sinal à central de monitoramento e assim vai até o destino final. Já na entrada da Cava, há um sistema via Câmera de vídeo que registra cada caminhão que chega. Se o veículo não estiver cadastrado, a entrada é proibida”. Esse procedimento é necessário para que se tenha total segurança sobre a origem dos materiais que estão sendo depositados na Cava.
Por causa da inspeção rigorosa, há rejeição de 8 a 10% em média, de todos os materiais que chegam até a Cava. “Os motivos vão desde o fato de os materiais não atenderem às especificações de qualidade dos produtos até o não-cadastramento de caminhões que, por isso, têm a entrada proibida”, ressalta Oliveira.
Com o projeto, nasce uma nova região - O projeto de aterramento da Cava, que inclui a recuperação e a reinserção ambiental é dividido em etapas. A primeira já foi entregue à população. A ETEC, a Fatec e o Parque Gabriel Chucre já estão em pleno funcionamento, proporcionando mais oportunidades, qualificação profissional e opções de lazer e cultura aos moradores.
A segunda fase está em curso e deve durar aproximadamente 10 anos. Essa etapa refere-se ao aterramento completo da Cava, até que atinja a altura do Rodoanel, que margeia o local. O investimento calculado para essa etapa é de cerca de 25 milhões de reais. O projeto completo, com o aterramento adequado da Cava e a construção do Centro de Logística, heliporto, espelho d’água, saneamento dos córregos, além do replantio de vegetação está previsto para ficar pronto em mais duas décadas.
Benefícios - Todo o empreendimento já está causando um impacto positivo nas cidades de Carapicuíba, Osasco e Barueri e a expectativa é de que até o término da obra, as cidades envolvidas gerem novas oportunidades de trabalho. Espera-se que o projeto seja um divisor de águas na vida dos moradores dos municípios vizinhos, uma vez que vai gerar mais emprego, qualidade de vida, melhorando os serviços na região.
A criação do Centro de Logística, um gigantesco galpão, vai permitir o armazenamento de diversos produtos e garantir uma distribuição eficiente devido à localização privilegiada, com acesso ao Rodoanel e a rodovia Castelo Branco. O projeto é uma parceria entre o Governo do Estado de São Paulo, sob a supervisão e gerenciamento do DAEE, e os proprietários da área, uma vez que se trata de propriedade privada.
Projetos Correlatos - Paralelamente ao empreendimento em si, a obra também proporciona projetos correlatos, ou seja, parceria com órgãos como a Sabesp, CDHU, Casa Paulista e a CPTM. O projeto da Cava inclui o desassoreamento dos rios e córregos da região, com a implantação de rede coletora de esgoto, sob a responsabilidade da Sabesp e do DAEE.
Em parceria com CDHU e Casa Paulista, o governo do Estado anunciou a construção de mais de mil casas na região, parte delas destinadas às famílias que vivem às margens da Cava e terão que deixar a área. Além disso, o projeto vai ampliar a infraestrutura da região, criando uma rede de transporte intermodal, com apoio da CPTM.
Case - A Cava de Carapicuíba será um dos cases apresentados no III GRAL - Conferência Internacional de Gestão de Resíduos na América Latina, que acontecerá entre os dias 04 e 06 de setembro no Instituto de Engenharia de São Paulo. Os interessados em participar devem realizar sua inscrição pelo site www.gral.eng.br.
Foto: Divulgação
InformaMídia Comunicação