editorial eng 635.jpgPALAVRA DO PRESIDENTE

O futuro no planeta Terra é assunto da engenharia

Grandes transformações estão ocorrendo com a espécie humana. Segundo as pesquisas atuais, a Terra foi formada há cerca de 3,8 bilhões de anos. As primeiras manifestações de vida ocorreram há cerca de 2 a 3 bilhões de anos. Os primeiros hominídeos datam de cerca de 2 milhões de anos apenas, e somente há cerca de 250 000 anos, uma das ramificações desta espécie prevaleceu sobre todas as outras. Foi quando o Homo Sapiens suplantou o Homo Neandertal e começou a se expandir, saindo de sua localização original no leste da África em direção ao ocidente do continente africano e outras direções, em especial à Ásia menor e Oriente. Foi também em direção norte, atingindo a atual Europa. Estas regiões já tinham sido alcançadas por outros grupos de hominídeos que não eram da espécie Homo Sapiens.

Nesta sua caminhada, o Homo Sapiens sobreviveu a uma série de acontecimentos geológicos e climáticos que quase o eliminaram da Terra. Foi quando uma enorme erupção de um vulcão em Sumatra causou um “inverno nuclear” e um resfriamento global por 6 anos e quase aniquilou totalmente a espécie ancestral. Estima-se que apenas 2 000 indivíduos desta espécie sobreviveram. Há cerca de 30 000 anos o Homo Sapiens já tinha experimentado uma série de evoluções e desenvolvimentos da inteligência, habitavam cavernas e já realizavam trabalhos para obtenção de alimentos e proteção. São desta época, as pinturas rupestres, um registro deste progresso.

Há 8 000 anos o Homo Sapiens já havia ocupado o planeta Terra e atravessado a Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro, e iniciado o que é considerado a nossa civilização de hoje. Nesta sua caminhada, por volta do ano zero do calendário atual, eram estimados em cerca de 300 milhões o total de habitantes em todas as regiões atingidas. E por um período longo para nossos parâmetros atuais, a taxa de crescimento manteve-se estável e baixa, até cerca de 1800 d.C. quando a população global estava por volta de 800 milhões de pessoas.

Começa aqui a chamada Revolução Industrial. Com a utilização controlada da energia, aumento da eficiência da agricultura, início de práticas ordenadas na saúde e expansão do conhecimento científico, a taxa de crescimento da população aumentou e passou a expandir-se exponencialmente, atingindo o primeiro bilhão por volta de 1810.

Quando o Instituto de Engenharia foi fundado, em 1916, o globo tinha cerca de 1,8 bilhão de pessoas. O segundo bilhão ocorreu em 1927, o terceiro bilhão em 1960, até os atuais 7,6 bilhões. E, embora com taxas menores, a população continuará, no futuro, crescendo.

E aqui se inicia o dilema global. Por um lado a população cresce, melhora sua qualidade de vida e aumenta em demasia a demanda por mais recursos da Terra. Recursos estes finitos, além da Terra já estar toda ela ocupada e conhecida. Os recursos hídricos e a atmosfera também têm sido utilizados muito além da sua capacidade de reciclagem natural. Desertificação, desmatamento, poluição, resíduos, são temas do cotidiano. O que se apresenta é o inevitável conflito entre as demandas crescentes e a capacidade finita do planeta Terra. O futuro pode estar em risco.

Em alguns poucos anos, muitíssimo poucos quando comparados com a história do ser humano e do planeta, a população deverá estar concentrada em mega metrópoles, com grandes migrações e extinção em massa de espécies, desertificações, acidificação dos oceanos e mais problemas derivados.

Por outro lado, estamos experimentando uma fantástica revolução no conhecimento científico e um progresso tecnológico incrível, e cujos impactos no ser humano e na sua sobrevivência precisam ser bem avaliados. Um exemplo deste dilema pode ser percebido com o aumento da robotização e da automação que hoje é saudado como progresso e melhoria da qualidade de vida, mas em sua essência, simplesmente acaba com postos de trabalho em um mundo com excesso de população e legiões de desempregados. De forma ousada, o ser humano pesquisa hoje os limites do universo, os instantes da criação, o mundo micro das partículas subatômicas, as forças fundamentais, a extinção das estrelas. Conseguirá com este conhecimento alcançar outros mundos e salvar a humanidade?

Hoje a palavra chave é inovação, com seus muitos desdobramentos, como internet das coisas, inteligência artificial, robótica, e muitos outros neologismos, aplicáveis a nossa vida terrena. Mas, na verdade, são novas especializações da engenharia, aquela que veio para resolver problemas e construir soluções. O que se pode vislumbrar é que a engenharia clássica, como tem sido ensinada nas escolas terá que se adaptar e se juntar a outros ramos do aprendizado, para que possamos atender e participar destes desafios que a globalização e o crescimento exponencial estão nos impondo.

O Instituto de Engenharia atento a estas advertências está criando uma área voltada a pesquisar estas projeções, verificar seus impactos e, se necessário, emitir os devidos alertas. Mas uma questão já esta certa: as soluções para grande parte dos dilemas e situações de estresse da humanidade, no planeta Terra e nas aventuras interespaciais serão assuntos para os engenheiros e as novas especializações da engenharia.

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