A falta de um Engenheiro Responsável

16/02/2012 - A falta de um Engenheiro Responsável
 
Parece que tudo acontece ao mesmo tempo. Mas não é bem assim.
Em apenas uma semana no mês de janeiro de 2012, dois acidentes graves, a queda de três prédios no Rio de Janeiro e o rompimento de cabos de aço em um espetáculo teatral na mesma cidade, demonstraram claramente a necessidade de termos sempre um Engenheiro Responsável em trabalhos que deles dependam.
Isso é válido para todas as áreas: civil, elétrica, mecânica, naval, aeronáutica e outras tantas que hoje existem.
Por um lado foi bom que este assunto veio à tona nos órgão de imprensa de todo Brasil, porém de forma triste pelos seus resultados.
Na grande maioria das vezes, empresas sem escrúpulos, tentam reduzir custos de maneira desenfreada, relegando a um segundo plano vidas humanas e o conforto da população como um todo.
A falta de um Engenheiro Responsável passa despercebida por todos, inclusive pelos organismos que deveriam cumprir a fiscalização, até que o pior aconteça.
Pela legislação atual, este profissional deverá efetuar junto ao Conselho Regional em que esteja inscrito, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) que demonstrará sempre que necessário sua atuação no serviço.
Estudos demonstram que grande parte das reformas, construções, montagem de equipamentos e máquinas, reparos em veículos de forma geral, dentre outros serviços não tem o acompanhamento de um Engenheiro Responsável.
Muitos imaginam que o Engenheiro Responsável só é necessário em obras complexas, de grande porte, projetos especiais e esquecem que em todos os casos, sem exceção, existe um alvo comum, ou seja, a segurança de quem as utiliza e de toda a população como um todo.
Exemplificando melhor, na minha área de atuação, uma parte dos fabricantes de peças para o mercado automobilístico de reposição não tem em seu quadro um Engenheiro Responsável pelo projeto, pela produção, pelos ensaios de laboratório e testes de campo. Para tanto se utilizam de projetos originais ou de outros fabricantes para elaborar os seus “projetos”. Ou seja, simples cópias.
Pelo menos se fossem cópias que mantivessem um nível aceitável de confiança e segurança seria menos temeroso, porém, a partir da cópia se utiliza material com menor qualidade, cujas especificações técnicas sequer se assemelham ao produto original.
Não são efetuadas análises das matérias primas no recebimento e testes em amostras ao final da produção de cada lote.
Os resultados disso, via de regra, são componentes de baixa qualidade que provocam insegurança aos usuários e respondem por uma parte dos acidentes automobilísticos que ceifam muitas vidas e deixam outras tantas pessoas mutiladas ou inválidas. São criminosos invisíveis que na maioria não participam de nenhuma estatística.
Alguns casos ocorrem pela falta de uma legislação específica que determine a obrigatoriedade de um Engenheiro Responsável pelo produto e pelos ensaios que comprovem as características técnicas necessárias para cada produto. Em outras, as legislações, mesmo que existam não são levadas a sério.
Outro ponto a ser considerado é a deterioração do meio ambiente, pois componentes fabricados com qualidade duvidosa, necessariamente tem menor durabilidade e precisam ser descartados com maior frequência em locais que na maioria das vezes não são considerados corretos.
Obviamente, existem muitas empresas idôneas que mantém em seus quadros grupos de engenheiros que elaboram projetos, realizam testes regularmente e apresentam produtos de boa qualidade ao mercado.
Não só a presença do profissional habilitado, neste caso um Engenheiro, é a solução para todos os problemas. Algo mais profundo está envolvido, ou seja, a experiência acumulada e a busca de novos conhecimentos das novas tecnologias implantadas é fator primordial para o bom desempenho da sua função.
Simplesmente um Engenheiro com formação em determinada área não será suficiente para evitar problemas, é necessária a sua especialização na área de atuação. Um Engenheiro mecânico generalista não contará com especialização em veículos automotores, assim com um médico clínico geral não será especializado em cirurgia cardíaca. Cada com sua habilitação e especialização.
Somente com essas premissas teremos realmente Engenheiros Responsáveis por cada projeto com capacidade para gerenciá-los e promover a segurança necessária.
Esperamos que os fatos ocorridos sirvam de alerta a todos nós, ficando claro que a contratação de um Engenheiro Responsável, em serviços que assim o exijam,  não é um custo adicional, mas uma necessidade de se manter a segurança e a integridade da população brasileira sob todos os aspectos.
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