Debate internacional na Feicon consolida o Aqua na construção sustentável

03/04/2012 - Debate internacional na Feicon consolida o Aqua na construção sustentável


aqua feiconInvestir em métodos para a diminuição de impactos ambientais e desempenho sustentável da construção são desafios do setor
 
Com a III Conferência Internacional Processo AQUA realizada na última quarta-feira, dia 28, durante a Feicon Batimat, onde estiveram presentes representantes do governo (Ministério das Cidades), empresários do setor da construção civil (Fiesp), incorporadores, construtores, projetistas e representantes franceses do HQE (entidade francesa de certificações para obras sustentáveis habitacionais e de serviços), a Fundação Vanzolini consolida o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) como referência em certificação de construções sustentáveis no Brasil.
José Joaquim do Amaral Ferreira, diretor executivo e diretor de Certificação da Fundação Vanzolini, abriu o evento apresentando o crescimento do Processo AQUA e anunciou o lançamento do capítulo brasileiro da Sustainable Building Alliance. Organização mundial que integra várias entidades internacionais, a SBAlliance tem como objetivo realizar e promover pesquisas em avaliação e medição do desempenho de edifícios e ambientes construídos sustentáveis, compartilhando esse conhecimento com os integrantes. Além do Brasil, a SBAlliance verifica as práticas e promove a adoção de indicadores comuns para questões chave no Brasil, bem como em países como França, Itália, Inglaterra e Finlândia.
Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo AQUA, mostrou como o AQUA tem promovido uma mudança na cultura da construção civil no Brasil, que consiste em pensar mais o empreendimento nas fases iniciais do planejamento, para nascer sustentável, e gerenciar todas as etapas de modo integrado, garantindo o controle e obtendo os desempenhos planejados. "A certificação AQUA é rigorosa, pois vai além das exigências regulamentares; é coerente, uma vez que valoriza as soluções efetivas; e é completa, pois considera as questões sociais, econômicas, ambientais e o usuário", ressaltou Martins.
Foi consenso entre os palestrantes da conferência que os setores público e privado da construção civil no Brasil precisam investir em métodos para a diminuição dos impactos ambientais e obtenção do desempenho sustentável de empreendimentos.
Para o setor público a grande mudança será avançar nos conceitos. Tanto que a representante do Ministério das Cidades, Maria Salette Weber, coordenadora do PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, declarou que o ministério atua como órgão regulador e um dos objetivos é melhorar o desempenho e a durabilidade das edificações. Agora, segundo ela, o PBQP-H passa a inserir critérios de sustentabilidade como fator e não apenas como uma consequência da qualidade ou da conformidade. "As construções tem que durar e nossos desafios englobam, entre outros, a redução dos resíduos nas construções e reformas, bem como a redução de CO2", finaliza.
O Qualitel, organismo francês independente, responsável pela certificação dos empreendimentos habitacionais na França, foi representado por Xavier Daniel, que falou do programa de desenvolvimento sustentável que tem sido aplicado em moradias sociais. Segundo ele, esse processo resultou em menos trabalho de manutenção e baixo consumo de energia nas habitações. "Nossa meta é alojar a população e reduzir em 35% o consumo de energia nos próximos anos". Outra presença francesa foi de Pascal Cloix, que tratou do modelo HQE-Certivéa de certificação na França para o setor comercial e de serviços. Pascal apresentou a experiência da certificação de bairros verdes, evidenciando a preocupação dos franceses com a gestão dos recursos naturais, bem como com a qualidade dos espaços interiores – o isolamento térmico e acústico, a coleta da água da chuva, o acesso de portadores de deficiência física e a redução do uso de produtos químicos.
O setor empresarial brasileiro foi representado por José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da Fiesp, que deu um panorama das dificuldades do setor de habitação no Brasil, mas demonstrou otimismo com o momento da economia do país e as perspectivas de futuro. “Temos uma realidade econômica e social favorável, mas mantemos um déficit de 5,8 milhões de moradias no país, que indica que tanto o setor privado quanto o público precisam investir para acabar com o problema. Isso significa que o setor da construção pode crescer com sustentabilidade”, completou Lima.
O encontro contou também com estudos de casos de empreendimentos que seguiram as diretrizes do AQUA, como o do Syene Corporate, primeiro edifício corporativo certificado em Salvador (BA); do prédio do centro de treinamento e desenvolvimento espiritual da Sukyo Mahikari do Brasil; do residencial Park One Ibirapuera da Odebrecht e do Damha Golf I da Damha Urbanizadora, primeiro condomínio sustentável do Brasil. Todos eles evidenciaram as qualidades da certificação AQUA, como ressaltou a engenheira Maristela Yuri Haragushi, da  Construtora Hoss, responsável pelo edifício da Sukyo Mahikari, “trabalhar de forma racional o projeto em busca da sustentabilidade e, em acordo com os indicadores do AQUA, nos trouxe 'algo' maior do que o sentimento de realização da obra”.
Um dos destaques da conferência foi a palestra de Pedro Luis Sarro, diretor de projetos e obras, da Leroy Merlin, que além de apresentar a estratégia de sustentabilidade do grupo empresarial, demonstrou os resultados práticos e eficazes do Processo AQUA na loja de Niterói que está em operação. Sarro frisou que "a empresa carrega o DNA da sustentabilidade. Hoje temos 13 lojas certificadas e a sede social. A ideia é certificar todas as lojas com o AQUA".
A certificação AQUA tem 54 edifícios certificados nas várias fases e se baseia em 14 critérios de sustentabilidade distribuídos em quatro grandes temas: construção, gestão, conforto e saúde. O processo é realizado acompanhando as etapas do desenvolvimento do empreendimento, desde o programa, a concepção (projeto), a realização (construção) e a operação e uso dos empreendimentos residenciais, comerciais ou destinados à habitação popular. Com isso, geram baixo impacto no meio ambiente, consomem menos recursos naturais e geram menos resíduos, além de proporcionar condições ideais de conforto e saúde aos usuários.
 
Legenda da foto:
Palestrantes da III Conferência Internacional Processo AQUA: representantes do Processo AQUA da Fundação Vanzolini; Leroy Merlin; Fiesp; Ministério das Cidades e da entidade francesa Qualitel-HQE.

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