Calçada Viva: arborização e acessibilidade pode estimular percursos a pé

12/04/2013 - Calçada Viva, com arborização, conforto térmico e acessibilidade, pode estimular percursos a pé de bicicletas e aliviar o trânsito de São Paulo
 
benedito_abbud.jpgConceito prevê soluções como arborização, mobiliário urbano, comunicação visual e pisos drenantes para espaços públicos
Com a lei municipal das calçadas voltando, em 2013, à pauta da Câmara Municipal de São Paulo, é retomada a discussão se cabe ao poder público assumir a revitalização desses espaços ou se o problema é individual. Nesse contexto, alguns setores já desenvolvem soluções e projetos em torno de um conceito conhecido como Calçada Viva que integra a ideia de calçadas niveladas, arborizadas e tratadas como elemento importante no processo urbanístico da cidade, além de estrutura acessível a pessoas com necessidades especiais de locomoção.
O conceito foi desenvolvido em 2006, pelo arquiteto paisagista Benedito Abbud, especialmente para a Casa Cor São Paulo. Consiste em um novo modelo de passeio público para a cidade. O projeto consiste em propor uma nova ideia de revitalização de áreas, principalmente aquelas que ladeiam grandes extensões de muros e, desse modo, convidar a população ao convívio em ambientes ao ar livre. O conceito foi criado para que o cidadão pudesse resgatar o hábito de andar na calçada com conforto, praticidade e segurança. Para dar uma ideia da importância dessa abordagem, os 60 mil quilômetros de calçadas da cidade de São Paulo seriam suficientes para uma volta e meia em torno da Terra.
“A projeção de calçadas vivas ou ecológicas incentivaria as pessoas a caminhar mais. Afinal, a maioria das nossas calçadas são ruins, com desníveis, buracos, pisos irregulares, degraus, entre outros obstáculos. O que acaba causando muitos acidentes. Se é difícil uma pessoa sem limitações físicas andar a pé, imagina os cadeirantes, cegos e até mesmo os idosos e as mães com carrinhos de bebê. As calçadas deveriam ser acessíveis para o uso comum de todos”, afirma Benedito Abbud.
Na opinião do arquiteto paisagista, as novas calçadas devem ser mais largas, para abrigar ciclovias, com faixas de serviços para arborização, telefones públicos e lixeiras, por exemplo. Além disso, devem ser  acessíveis, com rampas para cadeirantes, piso portátil de orientação e alerta.
Mas é no quesito meio ambiente que o conceito de Calçada Viva ganha contornos de inovação, com sugestões sustentáveis que garantem passeios públicos muito mais agradáveis a todos. Entre as ações, está o plantio de árvores, arbustos, forração vertical (hera e unha de gato nos muros, por exemplo) e grama de forma organizada nas áreas de calçada, bem como de espécies frutíferas para atração de pássaros. “Já é comprovado que áreas vegetadas melhoram a qualidade do ar, diminuem as variações de temperatura e até minimizam os problemas respiratórios”.
Além disso, Abbud afirma que é importante haver um planejamento em conjunto com as companhias fornecedoras de energia, água, gás e telefone que quebram constantemente o piso das calçadas, resultando em prejuízos estéticos e obstáculos para o passeio (buracos, emendas e caimentos inapropriados). Nesse caso, são indicados produtos e técnicas para as chamadas calçadas inteligentes, que funcionam como uma galeria no subsolo, permitindo que as fiações da rede elétrica, telefônica, de TV, fibras óticas, rede de água e esgoto sejam embutidas. A medida ajuda na manutenção dos serviços sem necessidade de quebrar o piso e ainda diminui a poluição visual da cidade.
No plano de criação da Calçada Viva, o piso drenante exerce um papel fundamental. “Caso as calçadas fossem construídas com matérias permeáveis ou recicláveis, facilitaria a drenagem de água pelo solo, evitando problemas como as enchentes, por exemplo, devido à dificuldade de escoamento. Além da percolação de água, materiais de coloração mais clara (à base de cimento), diminuem a absorção de calor, contribuindo para a redução do efeito das chamadas ilhas de calor”, garante.
Na opinião de Benedito Abbud, falta apenas vontade política para mudar a situação dos passeios públicos da capital paulista. “O certo seria que todas essas calçadas fossem ecológicas e se engana quem pensa que esse tipo de calçada é mais cara, pois o custo da calçada ecológica é praticamente o mesmo da convencional”, assegura. Segundo informações do arquiteto, se as calçadas de São Paulo recebessem pisos drenantes, eles drenariam o equivalente a 120 piscinões da Praça Charles Miller, que fica no Pacaembu. Essa água iria direto para o subsolo, hidratando a vegetação urbana e ajudando a diminuir os alagamentos.
 
Sobre escritório Benedito Abbud
Fundado em 1981, o escritório Benedito Abbud desenvolve projetos no Brasil e outros países como Argentina, Uruguai e Angola, tendo em seu portfólio mais de 5.200 trabalhos realizados em diversas escalas de empreendimentos que vão desde cidades, bairros, parques, praças, condomínios verticais e horizontais, residências unifamiliares até empreendimentos corporativos e comerciais tais como hotéis e flats (urbanos e resorts), loteamentos (residenciais e industriais), habitações compactas, shoppings centers e áreas especiais.
 
Sobre Benedito Abbud
Com 40 anos de profissão, Benedito Abbud é arquiteto paisagista titular do escritório e formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na qual atuou como professor. Ministrou aulas, também, na Faculdade de Arquitetura da PUC – Campinas. É pós-graduado e mestre pela FAU-USP e durante três gestões foi Presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap), além de ter desenvolvido consultoria na área de projetos para a candidatura do Rio de Janeiro à Olimpíada de 2016.
Saiba mais - www.beneditoabbud.com.br
 
Foto: Divulgação
Pitanga Comunicação

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