itorial Eng 614.jpgPALAVRA DO PRESIDENTE

Preocupações e considerações

Há alguns anos aceitei com grande alegria participar do Instituto de Engenharia. E, assim, venho atuando com muita satisfação. É uma casa centenária, inteiramente dedicada à engenharia e ao desenvolvimento da qualidade de vida de nossos cidadãos. Porém, é também um posto de observação privilegiado para verificarmos as tendências e potenciais situações de perigo e impasses que ameaçam o nosso país e as populações em geral.
Ajuste fiscal, carências de infraestrutura, caos na área da saúde, grandes massas de refugiados se deslocando para os países da Europa, efeito estufa, comprometimento dos lençóis freáticos, esgotamento dos recursos minerais e alimentares e mais um grande número de fatores que afetam negativamente as populações do mundo e seu crescimento, são indubitavelmente um alerta de que algo muito grave está acontecendo com o crescimento populacional desordenado e o consequente acesso desses contingentes populacionais aos recursos do planeta.

Bem antes de 2050, atingiremos a marca de 9 bilhões de habitantes. Hoje somos cerca de 7,3 bilhões. Com o avanço da medicina, da tecnologia e da ocupação de grande parte das terras emersas, as pessoas passaram a viver muito mais tempo. Como resultado, 75 milhões a 80 milhões de pessoas se somam anualmente à população mundial.

As pressões resultantes desse excesso populacional ameaçam romper de vez as fronteiras entre nações e os equilíbrios regionais e continentais. As regras de convivência e divisão de espaços e propriedades atuais estão seriamente ameaçadas, não mais por conflitos e disputas ideológicas, e sim pela disputa sobre o espaço vital.

No caso particular do Brasil, que tem sido o horizonte de nossos trabalhos e estudos desde a criação do Instituto de Engenharia, estamos muito preocupados, pois vemos que o crescimento populacional e suas demandas associadas por melhores condições de vida crescem a taxas bem maiores que a geração de recursos e riquezas para seus atendimentos. Até aqui beneficiamo-nos do fato de sermos um país de dimensões continentais, que se manteve íntegro territorialmente ao longo de nossa história e que pode nos suprir de bens e recursos materiais nesse período.

Por que estamos tratando desses assuntos agora? As nossas preocupações são frutos de notícias sobre os ajustes fiscais necessários para o bom equilíbrio da economia brasileira. O ajuste fiscal deve ocorrer por meio da diminuição da máquina pública, e não por meio da redução dos investimentos, principalmente em infraestrutura.

Diferentemente dos países ricos, a infraestrutura existente já é aquém das necessidades internas, e o crescimento populacional, nos próximos anos, será maior do que as disponibilidades financeiras, o que ocasionará mais atrasos na infraestrutura do país.

O Instituto de Engenharia é um lugar adequado para discussão dessa natureza. As soluções, certamente, não são somente políticas, pois necessitam levar em consideração os argumentos técnicos. Esperamos que essas nossas preocupações e considerações sejam adequadas e compreendidas pelos associados, que poderão nos ajudar seriamente nesse engajamento

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