itorial Eng 614.jpgPALAVRA DO PRESIDENTE

Planejamento e integração dos sistemas de transporte de massa em São Paulo

O A urbanização desordenada nas grandes cidades originou entre outros grandes problemas, um trânsito caótico. O problema da mobilidade urbana nas regiões metropolitanas se intensificou com a política de incentivo à aquisição do automóvel, com a ocupação total de ruas e avenidas, ampliando o congestionamento gerado pelo transporte individual. Muitas discussões sobre o tema já foram realizadas, muitas soluções milagrosas foram propostas, algumas implantadas, mas ainda sem sucesso. Todas elas sucumbiram ante o excesso de veículos e a pequena ou quase nenhuma expansão do sistema viário. Essas experiências são muito importantes para nos mostrar a necessidade de planejar de forma contínua o uso e ocupação do solo e a integração dos modais de transportes.

Dada a permanente importância desse tema, o Instituto de Engenharia promoveu neste ano, dois eventos para discutir todos os modais de transportes, com reconhecidos especialistas na busca de soluções para a mobilidade urbana. Um deles foi realizado em maio com grande sucesso, e o segundo em outubro – sendo este o primeiro evento de formato não presencial, somente on-line, transmitido pela TVENGENHARIA.
Neste último foram debatidos e examinados com detalhes os seguintes modais: metrô, trem metropolitano, monotrilho, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), trólebus e ônibus movido a diesel.
Cada modal tem as suas peculiaridades, vantagens e desvantagens na sua aplicação: o ônibus a diesel, que tem sido a primeira opção, é um transporte de baixo custo de implantação e operação.  Utiliza o sistema viário existente e é um grande gerador de poluição e interferência no tráfego urbano. Nas grandes cidades, quando o sistema de transportes torna-se complexo, opta-se pela utilização de corredores de ônibus, onde os custos de desapropriação e implantação são menores em comparação aos modais que se seguem na hierarquização: VLT, monotrilho e metrô.
Já as vantagens do trólebus, modal que utiliza o mesmo sistema viário que o ônibus a diesel, apresenta vantagens significativas: zero de emissão de partículas poluentes, pouco ruído e mais conforto aos passageiros. Com a utilização da recente tecnologia de ultracapacitores, esse modal não necessitará da rede aérea, permitindo mais autonomia ao veículo e menor impacto urbanístico em sua implantação.
O VLT é mais uma alternativa para o transporte coletivo de massa. Necessita de uma via segregada com viadutos ou túneis para evitar os cruzamentos em níveis que reduziriam a velocidade média da composição. É um modal confortável e seguro, que utiliza energia elétrica, portanto não é poluente. Sua opção para sistemas urbanos de média capacidade apresenta mais investimentos, porém grandes vantagens em relação aos anteriores.
Outro modal não poluente de média/ alta capacidade é o monotrilho, que tem uma série de vantagens em sua implantação, principalmente em cidades de tráfego intenso, por ser um modo elevado, onde suas pistas de rolamento estão sobre vigas e pilares. Uma vez concluído, causa poucas interferências nas ruas e avenidas.
Com as estações mais espaçadas, o trem metropolitano pode atingir velocidades mais altas do que o metrô. É um modo eficiente para o transporte de um bairro distante ou uma cidade para a outra, principalmente nas regiões com grande adensamento urbano.
E, finalmente, o metrô, para grandes volumes de passageiros a serem transportados, em áreas urbanas já definitivamente edificadas. Dentre as vantagens desse modal, já muito conhecidas e discutidas, estão o transporte rápido de grande número de passageiros e ser uma opção que permite avanços tecnológicos constantes. Um desses avanços que merece ser citado é a substituição de motores de tração de corrente contínua por corrente alternada com redução de custos de operação e manutenção.
Todos os modais têm seus méritos e limites específicos dependendo da função, da demanda, da implantação imobiliária e viária existente e da análise custo-benefício de cada linha ou caso.  Nas regiões metropolitanas ou nas grandes cidades, o importante é tentar acompanhar a dinâmica de seus crescimentos e planejar o uso e a ocupação do solo em seus entornos para beneficiar a população. Incentivar moradias perto do trabalho, ou criar oferta de trabalho perto das moradias, são soluções que devem acompanhar essas opções sobre modais de transporte de passageiros em grandes cidades.
Precisamos também repensar a utilização do automóvel e planejar o transporte de passageiros das grandes cidades com a integração entre todos os modais, que devem ser complementares, e não concorrentes.  Estimular o uso do transporte coletivo em cidades muito adensadas deve estar entre as primeiras providências de planejamento.
O Instituto de Engenharia acredita que, além de um planejamento de rotas e de oferta e demanda do transporte de massa, os equipamentos devem primar pelo conforto, pela eficiência, pela segurança e pelo preço justo, tanto de implantação quanto de operação e de tarifas.
Não são tarefas fáceis e nem soluções rápidas. Exigem decisões de Estado e muito esforço permanente. Para vencer o enorme desafio é necessário implantar um extenso programa de novas linhas de metrô, trens metropolitanos e trens regionais e, ainda, buscar as corretas aplicações para os modais de capacidade intermediária. Que esse esforço se transforme em um programa permanente de atendimento à mobilidade urbana.


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