itorial Eng 614.jpgPALAVRA DO PRESIDENTE

Crise de abastecimento de água é também falta de engenharia

Não há como negar, a situação de abastecimento de água potável para boa parte da macrometrópole paulista é preocupante. Estamos em um período hidrológico crítico, que tem afetado tanto as represas do sistema Cantareira, Alto Paraíba e Piracicaba quanto aquelas destinadas à geração de eletricidade na Região Sudeste do país.
Como consequência da dinâmica do crescimento populacional, os reservatórios, destinados ao abastecimento de água potável, estão em situação mais delicada do que os dos aproveitamentos hidrelétricos, porém a natureza do problema é a mesma. Certamente teremos que enfrentar uma racionalização do consumo da água potável alguns meses antes do setor elétrico.

Nos últimos anos, mais por consequência da crescente disponibilidade de gás natural, o país entrou em um programa de geração termelétrica que, agora, apesar dos custos mais elevados e da poluição gerada, está ajudando bastante na administração desse problema, postergando a possível necessidade de também racionalizar o consumo de eletricidade. Ou seja, investimentos foram feitos, a geração termelétrica está ajudando, mas o risco persiste e está até aumentando em função desse período hidrológico desfavorável.
É inegável a vocação do Brasil para a geração hidrelétrica, fruto da abundância de recursos hídricos. Por um bom período, esse potencial gerador foi corretamente desenvolvido com a construção de usinas hidrelétricas na ordem crescente de suas despesas de geração e distanciamento dos centros de consumo, resultando em baixos custos para a eletricidade. No entanto, essa racionalidade foi deixada de lado, introduziram a geração térmica e a eólica e cancelaram os reservatórios reguladores em grandes usinas hidrelétricas.
Para que esses sistemas hídricos com diversas finalidades funcionem, é preciso que se faça o dimensionamento correto dos reservatórios levando-se em conta as vazões af luentes e efluentes, a topografia e os requerimentos de consumo de água. Para o mercado de eletricidade leva-se em conta a energia garantida, a potência máxima, os períodos críticos hidrológicos e meteorológicos, os potenciais de reversão e transposição de bacias, os custos de investimento de cada alternativa e as projeções de crescimento dessas variáveis ao longo do tempo.
Como se verifica, mesmo sem entrar na complexidade operacional de cada finalidade de uso da água, tanto o abastecimento quanto a geração hidrelétrica requerem decisão, planejamento técnico, econômico e financeiro, projetos bem elaborados, obras bem construídas e, principalmente, gestão competente com visão de longo prazo.

 

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