itorial Eng 614.jpgPALAVRA DO PRESIDENTE

Propostas e sugestões para o empreendedorismo

Engenharia é uma das maneiras de empreendedorismo. Pela própria natureza da profissão, o engenheiro é idealizador, criador, projetista, inovador e construtor. É quem materializa as ideias e cria as condições de infraestrutura para que as populações consigam ter um nível de vida adequado nas grandes metrópoles. A partir dessas ações, com seus resultados e produtos, é que se organizam as empresas que vão operá-las dentro das regras econômicas, financeiras, jurídicas e ambientais. Além disso, a partir das riquezas assim geradas é que são recolhidos os tributos para manter as administrações, a Nação, os estados e as cidades funcionando e crescendo. Esse crescimento geral tem de, no mínimo, equilibrar o crescimento populacional, compensar a inflação e promover a melhoria real do nível econômico e social dos seus habitantes.

Como o mundo está integrado, nenhum país consegue viver de forma isolada. As trocas de toda a natureza intensificam-se e obrigam as nações a buscarem padrões internacionais de governança e administração.
Suas empresas e seus produtos cada vez mais precisam ser globalmente competitivos. Ou seja, as nações precisam ser cada dia mais eficientes e promover a evolução geral de sua economia.
Em nosso caso, precisamos alcançar taxas satisfatórias e consistentes de crescimento e manter um ritmo que nos leve a patamares elevados. Com todas as riquezas que temos e as que alguns setores produzem, com a extensão territorial, nossa economia deveria estar muito melhor. Afinal, somos um país sem grandes catástrofes naturais ou guerras. Uma visão de engenheiro diria que a eficiência de nosso funcionamento socioeconômico deveria ser alta, muito mais alta. Para isso, precisamos resolver os principais entraves.
Todos aqueles que de alguma forma trabalham e interagem economicamente sabem: está ficando muito difícil trabalhar neste país.
Muito já se escreveu e estudou sobre a irracionalidade das relações produtivas em nosso país. Os bancos de fomento e agências internacionais de desenvolvimento nos alertam continuamente. Somos um dos países mais complicados do mundo para realizar negócios. Para melhorar esse ambiente de pouco empreendedorismo, precisamos vencer as barreiras da burocracia. Apenas os conglomerados que alocam grandes contingentes de funcionários e advogados para a tarefa de abrir caminhos na selva da burocracia conseguem operar satisfatoriamente. Até um dia o Ministério da Desburocratização já tivemos.
Agora, quando a mobilidade urbana cai a níveis mínimos e percebemos que os sistemas de transporte e de escoamentos de nossas safras precisam ser muito melhorados, as perspectivas de crescimento econômico são pouco animadoras. Fatores diversos como descontinuidade de planos governamentais ou herança cultural burocrática causam atrasos e afetam a eficiência. Até setores que se estruturaram recentemente, como as ações e legislações relativas ao meio ambiente, já vêm com um alto grau de impedância.
E assim se perdem os esforços dos que querem realizar algo. Principalmente entre aqueles que, por vocação ou por formação, dedicam-se a abrir caminhos, desenvolver conhecimentos, construir, materializar ideias, gerar riquezas, contribuir com o país. Isso é cada vez mais um sonho apenas. Como presidente do Instituto de Engenharia, entidade centenária voltada ao progresso e à melhoria da qualidade de vida da sociedade, eu e meus pares sentimo-nos na obrigação de alertar para este momento muito delicado para quem quer empreender neste país.

Site Login