A construção civil diante das manifestações contrárias

28/04/2014 - A construção civil diante das manifestações contrárias
 
Por Alexandre Serpa*
 
Uma pergunta paira sobre todos os brasileiros, nos últimos anos. E sem uma resposta satisfatória. O Brasil estaria pronto para investir na Copa, frente às suas carências sociais? Ninguém pode negar, porém, que um megaevento dessa natureza vem trazendo benefícios, não só do ponto de vista de exposição da imagem de nosso País, bem como incentiva uma aceleração de investimentos engargalados há muito tempo, que finalmente podem se materializar em grandes empreendimentos.
Basta observar o volume de obras que se iniciaram há cerca de três anos, envolvendo não apenas estádios, mas toda a infraestrutura necessária para atender ao aumento na demanda de usuário, como aeroportos, portos, rodovias, mobilidade urbana, hotéis e, obviamente, moradias. Estima-se que o valor de investimentos totais chegará a R$ 142,4 bilhões, sendo que R$ 18,2 bilhões representam o valor dos impostos arrecadados. Esse montante cobre as concessões para portos e aeroportos, investimentos em novas linhas de metrô, sistemas de vias públicas de alta velocidade para ônibus, entre tantos outros.
A euforia e as esperanças advindas da decisão de colocar o Brasil como sede de grandes eventos esportivos gerou, também, neste primeiro semestre de 2014, a consolidação dos investimentos em infraestrutura, assim como já testemunhamos a conclusão de muitos estádios e hotéis. Simultaneamente, porém, convivemos com os movimentos populares e tantas manifestações que continuam a ocorrer em todo o Brasil. E neste contexto, não podemos esquecer os projetos em andamento no Rio de Janeiro, para atender à realização das Olimpíadas de 2016. O que poderá contribuir com novos movimentos, novas manifestações e, portanto, novos questionamentos.
Apesar das opiniões contrárias, precisamos admitir o quanto um evento esportivo acarreta ganhos a determinados setores, não apenas às cidades sedes e ao seu entorno, mas à economia nacional. No topo da lista dos setores beneficiados, com a realização desse evento mundial, está a indústria da construção civil. E fator é inegável. Segundo estudos realizados pelo SEBRAE, no período de 2010 a 2014 são esperados um volume de R$ 18,5 bilhões, gerados pela produção de novas obras. Projetos que agregam valor aos equipamentos públicos locais, e possibilitam melhor qualidade de vida, novos empreendimentos e oportunidades aos brasileiros que residem e trabalham nessas regiões. Porque um país, com a proporção do Brasil, não pode permanecer estático. Perdemos milhões de reais todos os dias, em consequência da falta de eficiência desses modais.
Hoje já observamos evoluções, em diferentes regiões, onde parte das demandas provém do setor hoteleiro e novas moradias. Essa influência se destaca nas regiões onde estão as doze cidades-sedes do mundial, com destaque para o Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e Curitiba/PR, que sempre figuram entre as mais citadas, exatamente porque possuem os maiores problemas, na proporção de sua grandeza.
Claro que a partir do momento que decidimos promover eventos desta magnitude, fica impossível projetar ou avançar nas áreas sociais. E é importante ouvir a comunidade, neste aspecto. Porque temos muito a realizar, não só do ponto de vista estrutural, mas também no que diz respeito à geração de empregos e manutenção da renda, da saúde e de moradias. Dar continuidade ao pós-evento e às obras de infraestrutura certamente darão ao Brasil mais visibilidade mediante à comunidade internacional, mas sobretudo aos brasileiros, que merecem ser o grande foco das atenções, em todos os momentos. E, claro, novos projetos sempre terão a contribuição da indústria da construção civil, gerando não apenas novos investimentos, mas também maior confiança diante dos governantes. Enfim, chegou a hora de fazer a “coisa certa”.
A indústria sabe o que deve ser feito. Após conviver com períodos de muitas certezas e incertezas, a indústria brasileira adquiriu uma agilidade única. Reage rapidamente a investimentos econômicos. À medida que cresce o consumo interno, a indústria produz mais. E todos nós sabemos que incentivos na construção afetam diretamente o nosso setor. Embora tenhamos um déficit habitacional na ordem de cinco milhões de unidades, é evidente a necessidade de um esforço por parte do setor privado e governamental.
A redução da inflação traz redução da taxa de juros, da ganhos ao salário e estimula o investimento e o consumo. Uma equação simples, que favorece a economia de forma global. Em nossa empresa, continuamos investindo no mercado, mantendo nosso posicionamento otimista, porém realista. Precisamos acreditar no potencial do Brasil, representado na presença de cada parceiro, de cada colaborador que hoje atua na economia nacional. Porque é preciso continuar construindo e crescendo, antes, durante e após qualquer grande evento.
 
* Alexandre Serpa é diretor da Expambox, economista, pós-graduado em Gestão Empresarial e MBA em Marketing
 
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