Expectativa de crescimento gera otimismo na construção civil

19/10/2012 - Expectativa de crescimento gera otimismo na construção civil
 
Em encontro sobre os rumos da construção civil, empresários se mostram otimistas com futuro, mas a falta de mão de obra qualificada preocupa
 
O encontro de importantes lideranças da construção civil realizado ontem (17) pela AFEAL – Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio -, no Centro de Exposições Imigrantes, antecedendo a abertura da FESQUA 2012, tratou da 'A Situação Atual e os Novos Rumos da Construção Civil' com objetivo de traçar um cenário de longo prazo.
Lucínio Abrantes dos Santos, presidente da AFEAL, lembrou que o setor registra uma crescente demanda, devido à forte expansão da construção civil. “Para 2013, prevemos aumento de consumo de esquadrias de alumínio da ordem de 6%”, diz. Ele explica que a construção civil será, mais uma vez, um dos setores que sustentarão o desempenho positivo da economia brasileira. A partir do próximo ano, a norma de Desempenho de Edificações somada à norma mãe de esquadrias, a NBR 10821, exigirá produtos de qualidade assegurada, em especial os requisitos termoacústicos. “As indústrias de nosso setor responderão com o lançamento de produtos de desempenho superior, agregando maior valor às esquadrias e beneficiando o usuário final”, disse.
Ele defendeu a união da cadeia produtiva do setor de esquadrias e fachadas de alumínio, com alguns desafios a vencer. Entre eles, o desenvolvimento e aplicação das normas técnicas; o fortalecimento dos Programas Setoriais da Qualidade; a ampliação da capacidade dos laboratórios da construção civil; e a capacitação de mão de obra qualificada. “Considero fundamental que o poder público amplie a redução da carga tributária incidente sobre o setor, inclusive por parte dos Estados em relação ao ICMS”, defendeu.
Além do presidente da AFEAL, participaram do encontro Adjarma Azevedo,  presidente da ABAL; Walter Cover, presidente da ABRAMAT; André Freitas Silva, gestor executivo da AFEAÇO; José Carlos Rosa, diretor executivo da AFAP-PVC; Waldir Abreu, diretor da ANAMACO; Francisco Palacios Marin, diretor da ANAVIDRO; Eduardo Sampaio Nardelli, presidente da ASBEA; Maria Luíza Salomé, diretora titular adjunta do Deconcic/FIESP; Ricardo Terra, diretor técnico do SENAI–SP; Adelino Nascimento Martins, do SINAENCO e Maria Salette Weber, coordenadora do PBQP-H  do Ministério das Cidades.
A mensagem geral dos participantes para o cenário que abrange de 2013 a 2016 foi de otimismo diante da expectativa de crescimento. Entretanto, a grande preocupação está na necessidade urgente de formação de mão de obra para atender a demanda em todos os segmentos.
O diretor técnico do Senai-SP, Ricardo Terra, falou da necessidade de provocar mudanças culturais na população para atrair os jovens para as profissões inerentes à construção civil. “A paralisação do setor construtivo durante décadas, direcionou os jovens para a formação superior. Hoje ninguém quer fazer curso técnico para ser pedreiro ou carpinteiro. Será preciso valorizar as profissões e os trabalhadores para atrair interessados”, afirmou. Disse ainda ser preciso educar para transformar conceitos, unindo a formação geral com a profissional. “A carência de mão de obra precisa ser mapeada em todo o país para ser enfrentada conforme as exigências de cada região”, defendeu.
 
ABAL
Para o presidente da ABAL – Associação Brasileira da Indústria de Alumínio, Adjarma Azevedo, o momento é de otimismo. Informou que o resultado do setor neste ano será igual ao de 2011, mas deve ter alta de 10% em 2013. “Até 2025, nosso estudos apontam crescimento médio de 7,2% ao ano. Isso nos dá uma perspectiva otimista para o médio prazo. Sairemos de um mercado de 1,5 milhão de toneladas para 3,8 milhões e o consumo per capita de 7,5 quilos passará para 17,8 quilos”, disse. Sobre a redução dos custos com energia está otimista. “Não sabemos de quanto será a queda com as medidas do governo, mas que vai cair, tanto para indústrias como para residências isso temos certeza”, afirmou. Ele informou ainda que após 2017 o consumo de alumínio na construção civil crescerá em 100 mil toneladas/ano, mas que parar garantir este consumo será preciso estimular o retrofit das fachadas de edifícios antigos e difundir as soluções de conforto acústico das esquadrias de alumínio. Defende ainda o desenvolvimento de produtos adequados às moradias de baixo custo, para atender aos programas sociais.
 
ABRAMAT
Para Walter Cover, presidente da Abramat – Associação Brasileira da Indústria de Materiais para Construção, do ponto de vista global haverá pequeno crescimento nos próximos anos. “A Europa deve crescer em torno de 1% a 2%; os EUA 2%, e a China um pouco mais. Nesse cenário o Brasil, que ficou fora da crise, pode crescer de 3% a 4%”, disse. Comentou que o desempenho do varejo, que consome 50% da produção, tem como condicionante o emprego, a renda e a oferta de crédito e a previsão de alta de 3 a 4% no ano que vem. O setor imobiliário, que reponde por 28% do consumo, depende do ânimo dos empresários e do crédito imobiliário. Apesar das linhas de financiamento, setor sofre com a falta de terrenos e deve crescer 4% em 2013. Em infraestrutura, que representa 22% do consumo de materiais de construção, Cover espera forte incremento governamental e prevê alta entre 8% e 10% e sua perspectiva até 2016 é de otimismo. “Acredito que em geral, o setor apresente crescimento em torno de 4% a 5% ao ano neste período”, afirma.
 
Fiesp/Deconcic
A diretora do Deconcic/Fiesp – Departamento da Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Maria Luiza Salomé, afirma que as perspectivas são muito positivas para este setor que representa mais de 12% do PIB nacional. Sua previsão, com o aumento da classe média, é que até 2022, será necessário construir mais de 23 milhões de residências para combater o déficit habitacional, que hoje é de 6 milhões de moradias. “Vamos precisar de investimentos na ordem de R$ 250 bilhões por ano, ou seja, mais de R$ 3 trilhões em 12 anos, para atender a demanda”, afirma. Em termos de políticas públicas para os próximos anos informou que a Fiesp defenderá, junto ao governo federal, propostas para aumentar a competitividade da construção civil, visando qualificação da mão de obra, aumento da produtividade e tratamento tributário diferenciado para o setor.
 
APAP-PVC
Segundo José Carlos Rosa, diretor executivo da AFAP-PVC - Associação Brasileira dos Fabricantes de Perfis de PVC para a Construção Civil, a participação dos perfis de PVC no mercado de esquadrias é de apenas 6%. “Atendemos um público que exige esquadrias diferenciadas. Produzimos pequenos volumes com maior valor agregado”, afirma. Ele conta que a fabricação de esquadrias de PVC é recente no Brasil, mas que o setor tem crescido 20% ao ano, média que deve ser mantida em 2013. Rosa disse que o mercado brasileiro está atraindo empresas européias para produzir no Brasil e as exigências por isolamento térmico e acústico abrem mercado paro uso de PVC. “Devemos ter crescimento exponencial nos próximos anos. O desafio é manter o padrão de qualidade e, para tanto, precisaremos de mão de obra especializada. “Também estamos preocupados com a má importação e para combatê-la defendemos a adoção de barreiras não alfandegárias”, disse.
 
ANAVIDRO
O diretor da ANAVIDRO – Associação Nacional de Vidraçarias, Francisco Palácios Marin, comentou que o setor tem evoluído a passos largos, mas tem deparado com a falta de mão de obra. Com a chegada de novas fábricas e ampliação das existentes a produção de vidro deve duplicar nos próximos anos, ampliando ainda mais a procura por mão de obra qualificada. “Vamos precisar de mais 200 mil pessoas dentro de dois anos e há necessidade de formar esse profissional. Estamos otimistas com o crescimento do mercado, mas preocupados com a falta de mão de obra”, disse.
 
ASBEA
O arquiteto Eduardo Sampaio Nardelli, presidente da ASBEA e vice-presidente do SINAENCO – Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia - revelou as duas principais preocupações dos profissionais do setor: o descontentamento com a “deterioração dos valores pagos pelo poder público aos projetos e a entrada cada vez mais frequente de escritórios estrangeiros no país”. Criticou, ainda, o fato de não ter havido concurso público para as obras dos estádios que sediarão a Copa do Mundo e os equipamentos voltados para as Olimpíadas. Já o vice-presidente da seção paulista do SINAENCO, Adelino Martins, se declarou mais otimista: “O momento é auspicioso”, lembrando a queda na taxa de juros como a melhor da história e os programas do governo federal, que darão sustentação ao crescimento da economia nos próximos anos. Em sua opinião, a Norma de Desempenho das Edificações (NBR 15575), com previsão de entrada em vigor a partir de março do próximo ano, será acatada por toda a cadeia produtiva da construção civil.
 
ANAMACO
A alavancagem das vendas do varejo de materiais de construção virá em 2013, segundo Waldir Abreu, diretor de Assuntos Econômicos da ANAMACO. “Estimamos que, este ano, o aumento das vendas fique em torno de 3%. Porém, em 2013, deve alcançar os 8%”, disse. O varejo depende, segundo ele, dos 20 milhões de moradias no país que exigem reformas, para não perder o valor patrimonial. “O setor está se profissionalizando e são muitas as oportunidades. O lojista que sabe planejar cresce”, comentou. Abreu informou que sua entidade orienta os associados a trabalharem apenas com produtos de empresas qualificadas nos PSQs – Programas Setoriais da Qualidade vinculados ao PBQP-H – ou que atendam as normas técnicas de cada segmento de atuação.
 
AFEAÇO
Com presença histórica nos estados do centro-oeste e sudeste, as esquadrias de aço surpreenderam a própria associação do setor, a AFEAÇO, ao ganhar cada vez mais mercado na região norte do país. André Freitas, gestor executivo da entidade, disse que 90% das vendas do material ocorrem no varejo. “Porém, os consumidores têm optado pela aquisição de outros bens, como automóveis e celulares dando pouca atenção à reforma ou manutenção de suas casas”, indicou como uma das razões para o desempenho vegetativo das vendas em 2011 e 2012. O setor se prepara para voltar a crescer apenas no próximo ano, em torno de 3% e, com maior ênfase, a partir de 2015. “A decolagem envolve a qualificação de empresas no PSQ de Esquadrias de Aço, que viu dobrar o número de participantes no último ano. Além disso, a maioria das fábricas já faz produtos acabados, com vidro”, afirmou.
 
MINISTÉRIO DAS CIDADES
O governo federal, segundo Maria Salete de Carvalho Weber, coordenadora do PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e da Produtividade do Habitat, do Ministério das Cidades, vê a construção civil como grande aliada na geração de empregos, renda e melhoria social. Segundo ela, os programas como o MCMV - Minha Casa Minha Vida, com investimentos de R$ 125 bilhões, têm dado grande impulso ao setor. “Depois de tantos anos de estagnação estamos aqui debatendo desafios positivos. Segmentos ainda informais, pouca qualificação profissional, atraso tecnológico, não são poucas as frentes que o setor terá de enfrentar”, comentou.
Sobre a contratação de projetos, salientou que do ponto de vista do governo a Lei 8666 também é um desafio e que é preciso encontrar soluções conjuntas. Disse que muitos recursos disponíveis ficam represados nos organismos governamentais por falta de projetos adequados.
Elogiou a adesão das empresas da construção civil aos PSQ – Programas Setoriais da Qualidade e da ação constante das entidades na luta contra os produtos não conformes, que não atendem às normas técnicas. “É um trabalho do setor que deve ser ressaltado”, disse ao explicar que a ação é importante para assegurar que as habitações que estão sendo construídas continuem com qualidade. Disse ainda que o compromisso do governo é aprimorar cada vez mais os sistemas produtivos, com investimentos em capacitação, em infraestrutura e laboratórios. “O investimento em fomento será fundamental para assegurar a qualidade das construções”, concluiu.
 
Via Verbo Assessoria de Comunicação

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