Transparência e informação: minimizando o impacto das obras públicas

16/10/2014 - Transparência e informação: minimizando o impacto das obras públicas

Por Ricardo Bianca*

Os transtornos causados durante a realização de obras públicas são inevitáveis. Alteram-se rotas, tráfego é impactado, poeira, barulho são constantes no entorno e afetam não apenas a comunidade, mas também os cidadãos de forma geral. A maioria não são obras rápidas e demoram anos para serem concluídas. O que sobressai são os riscos e incômodos. Os benefícios ficam em segundo plano. De acordo com dados oficiais do governo, existem hoje no Brasil mais de 360 projetos em andamento, só de mobilidade urbana.

Geralmente esse impacto é menor quando há a reforma ou construção de uma casa. Sim, há diversos desconfortos também nestes casos, mas em menor escala e por um período menor, com a vantagem de que se tem um controle maior sobre o planejamento, execução e entrega da obra. Então, fica a dúvida, seria possível conduzir a obra pública com mais eficácia e produtividade?

A boa notícia é que existe uma resposta positiva. Inclusive, algumas áreas do Governo e do Exército já vêm utilizando em projetos e licitações públicas. A tecnologia traz soluções inovadoras para os mais diversos setores. O da construção não ficou de fora. Hoje, arquitetos e engenheiros tem em mãos uma ferramenta tecnológica que, se bem utilizada, poderá ajudar a prever e minimizar impactos além de tornar mais acessível para a população acompanhar a planta de uma obra e até seu desenvolvimento.

Estamos falando do BIM – Building Information Modeling - a tecnologia compreende a junção de hardware, software e profissionais treinados para desenvolver um projeto integrado, prevendo desde o modelo do projeto em 3D (com animações absolutamente próximas do real), o gerenciamento de materiais, até a gestão do cronograma e todas as etapas da obra. Os impactos também são previstos e, portanto, fica mais fácil conseguir promover ações para minimizar os impactos.

Como toda inovação, ainda há resistência na adoção dessa solução, uma vez que ela apresenta nova proposta de projetar e executar obras críticas. Porém já vemos muitos movimentos no Brasil que apontam que este é um caminho para a competitividade e produtividade. Os profissionais que não adotarem, com certeza, perderão mercado, clientes e dinheiro.

Estudo recente da McGraw Hill Construction informou que apenas 24% das empresas pesquisadas utilizam BIM no Brasil em mais de 31% de seus projetos. Nos Estados Unidos o número é mais que o dobro. A expectativa é de que, em 2015, esse percentual cresça 73%, colocando o Brasil na segunda posição, logo abaixo dos EUA, acima da Alemanha (72%) e França (71%). Por que a pesquisa acredita nisso? Bom, o Brasil é líder em profissionais que acreditam que o BIM é um importante vetor de redução de custo de construção: 46% dos brasileiros contra 23% da média mundial. Sabemos que custo é um ponto fundamental em obras públicas. Também o estudo apontou que a população brasileira e agentes do mercado já cobram a utilização do processo pelas empreiteiras: enquanto a média mundial é de 36%, o Brasil está acima, com 63%.

Se você quiser um dado ainda mais próximo de que mudanças estão por vir e que, neste caso, todos têm muito a ganhar. Recentemente, uma nova disciplina da Escola Politécnica da USP, incorporada ao currículo da graduação, passará a treinar futuros engenheiros na metodologia BIM. Isso é a visão do futuro e partiu de uma das melhores instituições de ensino do país. Profissionais qualificados, projetos eficazes, gestão de obras transparente. É preciso dizer aqui quem vai sair ganhando?

* Ricardo Bianca, Especialista Técnico da Autodesk do Brasil.

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