'Formação dos novos engenheiros precisa melhorar', diz presidente do Comitê Organizador do SEFE 8
Durante anos, a profissão de engenheiro civil foi pouco valorizada, em conseqüência da falta de investimentos em obras de infraestrutura nos anos 80 e 90. A escassez de obras fez muitos engenheiros civis "virarem suco".
A recessão que só terminaria na última década, com o início de um longo ciclo de obras que fez o Brasil se render à engenharia e constatar a falta da baixa qualidade profissional e na formação dos engenheiros civis.
Para Walter Iório, presidente do Comitê Organizador do SEFE 8 – 8º Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnias, nos últimos 30 anos houve falta de engenheiros especializados e, ao mesmo tempo, uma força tarefa voltada para a formação rápida de novos profissionais, o que resultou num aumento das faculdades de engenharia de baixa qualidade, sem qualificação necessária para certos setores.
Walter tem observado que os trabalhos apresentados nas últimas edições de congressos na área de Fundações e Geotecnia são muito acadêmicos, pouco práticos e deixam a desejar em qualidade. "O SEFE é um seminário efetivamente voltado à prática, atrai executantes de projetos, e o número de trabalhos tem sido reduzido", diz o presidente, acrescentando que a comissão técnica não aprova trabalhos acadêmicos, mas sim eminentemente práticos, com estudos que norteiem resultados positivos para contribuir com setor e com o bem estar social.
O SEFE acontecerá de 23 a 25 de junho de 2015 e é um evento único no Hemisfério Sul. Vai estimular a apresentação de trabalhos, de forma a contribuir com o enriquecimento profissional dos engenheiros e geotécnicos, motivando novas ideias e projetos em prol da evolução e aperfeiçoamento da atividade de engenharia.
"Vamos disseminar conhecimento e estimular troca de informações sobre temas em evidência, como Fundação de edifícios; Fundação de portos, pontes e obras especiais; Ensaios em estacas, Escavações profundas e contenções em obras urbanas; Geotecnia e meio Ambiente; Tratamento e melhoria de solos; Responsabilidades da prática profissional – riscos, consequências e seguros; Estado atual, desafios e perspectivas futuras em fundações e contenções.
Além dos profissionais ligados à fundação e geotecnia, os organizadores querem que pessoas de outras áreas participem do SEFE 8, principalmente as empresas contratantes, locadoras, executantes, projetistas, todas com participação mais ativa, discutindo os problemas e ajudando a apontar soluções.
No futuro, como estará a qualidade técnica das obras?
Algumas práticas realizadas na construção, como a utilização de aditivos no concreto por exemplo, são feitas sem nenhuma pesquisa detalhada sobre os efeitos a serem causados em longo prazo. "Não temos nenhum estudo prático em estruturas enterradas realizado por engenheiros que digam se haverá consequências e quais seriam estas, de suas utilizações ao longo do tempo. São pesquisas como essas que a comunidade técnica sente falta", diz Walter.
Ele cita a vizinhança das obras como outro exemplo, que precisa de cuidados quando as áreas estão envolvidas nos trabalhos de fundação. "As escavações geram deformação no terreno e são injetados investimentos altos para não ocorrerem quaisquer problemas nas estruturas vizinhas. Por isso, há necessidade de uma conscientização coletiva, a engenharia é constantemente desafiadora, o engenheiro aprende com os erros", diz.
Segundo Walter, a experiência profissional nessa área deixou a desejar, pela falta de investimentos em infraestrutura e melhores trabalhos, entre meados da década de 80 e o início deste século, para a formação de profissionais e aperfeiçoamento das escolas. "Hoje temos uma parcela de engenheiros com mais de 30 anos de profissão e admirável experiência no setor geotécnico e outra de profissionais com média de 10 anos de formação, ocorrendo um vácuo de 20 anos na formação de engenheiros geotécnicos", explica.
Profissionais e professores com reconhecido histórico profissional e acadêmico, ao invés de serem aproveitados para melhorar a formação dos novos profissionais, são aposentados compulsoriamente aos 70 anos pelas escolas de engenharia e vão trabalhar em consultoria de obras. Isso faz a qualidade das escolas de engenharia brasileiras despencar no ranking mundial, na opinião do presidente.
"Fica uma lacuna de expertise entre esses profissionais. Os mais novos ainda vão atingir capacidade técnica plena para poder tomar decisões, perfil que se adquire somente ao longo da experiência, minimizando os índices de erros. Como resultado disso, a engenharia brasileira hoje passa por patologias em obras", diz.
Feira específica, público seleto
Em paralelo ao SEFE 8, será realizada a 2ª Feira da Indústria de Fundações e Geotecnia, que nesta edição terá quase 100% de crescimento sobre a edição de 2012. A feira ocupará um espaço de 9.696 m2, conferindo ao evento o status de maior encontro geotécnico do Hemisfério Sul e um dos mais importantes do mundo. "O SEFE converge toda a classe produtiva da engenharia geotécnica e de fundações, desde o projeto à execução, passando por fabricantes de equipamentos e utensílios, inclusive fornecedores, clientes e consumidores de nossos serviços, bem como representantes do meio acadêmico", explica Walter.
Por atrair um público focado na utilização de equipamentos, serviços e tecnologias do setor de fundação e geotecnias, a feira gera um clima de negócios. Os organizadores informam que a edição de 2012 contou com 5050 visitantes e o índice de satisfação dos expositores foi de 95%.
www.sefe8.com.br
Data: 23 a 25 de junho de 2015
Local: Transamérica Expo Center, Pavilhões D e E
Av. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro, São Paulo
Foto: arquivo REVISTA ENGENHARIA
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