Pavilhão Japonês no Ibirapuera é restaurado em apenas três semanas com técnicas da arquitetura oriental

14/12/2015 - Pavilhão Japonês no Ibirapuera é restaurado em apenas três semanas com técnicas da arquitetura oriental
 
pavilhao_japones.jpgPara manter as características originais do projeto, tradicional empresa japonesa enviou para o Brasil mestres carpinteiros e quase seis toneladas de materiais e ferramental
O Pavilhão Japonês, monumento símbolo de amizade e intercâmbio entre japoneses e brasileiros, localizado no Parque Ibirapuera, está passando por uma restauração que dá continuidade aos trabalhados já realizados em 2013. As obras têm como principal característica o emprego de técnicas tradicionais japonesas que reúnem materiais trazidos especialmente do Japão. Para manter as características originais do Pavilhão, além de mão de obra especializada, estão sendo utilizadas mais de cinco toneladas de madeiras nativas do País oriental. A restauração, caso fosse realizada no Brasil duraria cerca de um ano, já pelos japoneses a ação será concluída em cerca de três semanas.
As obras do restauro, que começaram neste último dia 24 de novembro, é um dos três projetos oficiais aprovados pela Comissão Organizadora das Comemorações dos 120 anos de Relações Bilaterais Brasil-Japão, presidida pelo embaixador Kunio Umeda, e que tem um orçamento estabelecido em cerca de R$ 200.000,00.
Tombado pelos órgãos municipal e estadual, o pavilhão está sendo restaurado pela Nakashima Komuten, tradicional empresa japonesa na construção e restauração de pontes e moradias de madeira. Seu presidente, Norio Nakashima, realizou obras em 1988, 1998 e 2013, sempre de forma voluntária.
A restauração concentra-se basicamente em madeiras dos alicerces, dos forros e coberturas, cuidadosamente planejada por Nakashima, que acompanha pessoalmente cada passo das obras.
A Bunkyo, Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, é a entidade responsável por coordenar essa restauração. Segundo Léo Sussumo Ota, Diretor de Marketing e Comunicação da Bunkyo e também Presidente da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês, o projeto  visa a preservação deste patrimônio histórico e cultural, concebida e respeitando a mais autêntica técnica construtiva da tradicional arquitetura japonesa, símbolo de integração e amizade entre o Brasil e Japão.
 
Sugi e hinoki – as madeiras do Pavilhão Japonês
Após 38 dias vindo de navio do Porto de Nagoya, em Aichi-Japão, desembarcaram no Porto de Santos (SP), dia 17 de junho, quase seis toneladas de materiais e ferramental para a restauração do Pavilhão Japonês. Foram necessários três caminhões para seu transporte ao Parque Ibirapuera.
As madeiras utilizadas são de duas espécies de ciprestes nativos do Japão. Armazenadas no próprio Pavilhão, as madeiras são especiais para cada local: o sugi está sendo utilizado para a restauração do telhado afetado pela ação de cupins; já o hinoki servirá para as estruturas das bases dos pilares que estão desgastadas pelo clima brasileiro e pelo tempo. As estruturas são presas por encaixes entalhados na madeira (ensambladuras) sem a necessidade de pregos para sua fixação.
As obras envolvem seis profissionais: três mestres carpinteiros (chamados de miyadaiko, especialistas em construção de templos, castelos e residências) e mais três auxiliares, cuidadosamente escolhidos entre os 1.000 funcionários que trabalham na empresa Nakashima Komuten (300 contratados diretos e 700 terceirizados).
Todo o processo de reforma foi filmado e se transformará em um DVD sobre a técnica de arquitetura japonesa. O material será doado para faculdades do ramo.
 
Sobre o Pavilhão Japonês - Construído conjuntamente pelo governo japonês e pela comunidade nipo-brasileira, o Pavilhão Japonês foi doado à cidade de São Paulo, em 1954, na comemoração do IV Centenário de sua fundação. Naquela época estava sendo inaugurado o Parque Ibirapuera, marco do IV Centenário.
Coube a Oscar Niemeyer a responsabilidade pelo projeto arquitetônico do Parque, mas entre os espaços idealizados pelo arquiteto uma construção não apresenta seus traços. Trata-se do Pavilhão Japonês, que tem como principal característica o emprego dos materiais e técnicas tradicionais japonesas, tendo como referência o Palácio Katsura, antiga residência de verão do Imperador em Kyoto.
O Pavilhão Japonês foi transportado desmontado, em navio, e reúne materiais trazidos especialmente do Japão, tais como as madeiras, pedras vulcânicas do jardim, lama de Kyoto que dá textura às paredes, entre outros.
Sua construção aqui contou com numerosos imigrantes japoneses que atuaram como voluntários para auxiliar o corpo técnico vindo do Japão. O Pavilhão ocupa uma área de 7.500 m² às margens do lago do Parque e é composto por um edifício principal suspenso, que se articula em um salão nobre e diversas salas anexas, salão de exposição, jardim, além de um belíssimo lago de carpas.
Seu projeto foi executado pelo professor Sutemi Horiguchi (da Universidade Meiji) e baseia-se em composições modulares de madeira (com divisórias deslizantes, externas e internas), organicamente articuladas, e marcadas pela presença do tokonoma (área destinada à exposição de pinturas, arranjos florais, cerâmica, etc), incluindo chashitsu (sala para cerimônia de chá), bem como outros nichos embutidos, com prateleiras e pequenos gabinetes, decorativamente dispostos.

Pavilhão Japonês
Local: Parque do Ibirapuera - portão 10
(próximo ao Planetário e ao Museu Afro Brasil)
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - São Paulo - SP
Funcionamento: Quarta-feira, sábado, domingo e feriados
Horário: das 10h às 12h e das 13h às 17h
A reabertura está prevista para 06/01/16.
Informações: (11) 3208-1755 ou Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Foto: divulgação
Giusti Comunicação